Warming Our Hearts under the Warm Rays of the Brazilian Sun

Caetano Veloso, born in Salvador de Bahia in 1942, represents the pinnacle of 'música popular brasileira'. His decades-long career, which began in the 1960s, has made him famous worldwide. For a long time, he has been a strong political advocate in Brazil, which now honors him with the title of 'cultural ambassador to the world', although in the past, his strong opposition to the unwelcoming right-wing government of the time forced him into exile.

The music of this 1989 album is extremely colorful and splendid. Traditional Brazilian folk, but not only that; we also find songs with a sound closer to modern 'world music' and others of ethnic music, with strong African influences as well.
The Brazilian spirit is inevitably very strong among the tracks of the album; as we listen to it, we are transported to the sunlit, bustling streets of people, music, and colors of the South American metropolises. The album should be listened to from the first to the last track in its entirety, as all ten songs are splendid, extremely sunny, and very colorful. Worthy of particular note: the beautiful and very rhythmic opening track "O Estrangeiro", the three classic tracks in the Brazilian tradition "Branquinha", "Etc", and "Genipapo Absoluto" (which so much recall the atmospheres of the music of the immense predecessor Jobim) strictly performed with guitar and voice; then, the more reflective, less Brazilian and more pop "Os Outros Romanticos", and finally, the splendid, extremely sunny and vividly colorful "Outro Retrato" and "Meia Luna Inteira", the two best tracks of the album, boasting irresistible vitality and Brazilian sunshine.

A splendid and invaluable work, that smells of life lived on the street under the scorching Brazilian sun, imbued with the colors of this country's flag, yet filled with suffering, joy, and an irresistible zest for life. One of the highest expressions of Brazilian music, here modern, yet always tied to traditions.
It never tires, one to listen to and experience endless times.

Tracklist Lyrics and Samples

01   O Estrangeiro (06:16)

O pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara
Pareceu-lhe uma boca banguela
E eu, menos a conhecera, mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará um raro pesadelo
Que aqui começo a contruir sempre buscando o belo e o Amaro
Eu não sonhei:
A praia de Botafogo era uma esteira rolante de areia branca e óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açúcar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açúcar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz, quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase-não-púrpura da menina
(Pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa da luz nos brancos dente e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num Sinclavier:
"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai, do Filho, do Espírito Santo, amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contar o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:
É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nu
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo
("Some may like a soft brazilian singer
But I've given up all attempts at perfection")

02   trem Das Cores (02:38)

A franja da encosta, cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga, reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vaguão
O oliva da nuvem chumbo ficando pra três da manhã
E a seda azul do papel que envolve a maçã

As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul quase inexistente
Azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto, explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato lábios cor de açaí
E assim trem das cores
Sábios projetos tocar na central
E o céu de um azul celeste, celestial

03   Branquinha (02:36)

04   Os Outros Românticos (04:59)

05   Jasper (05:00)

06   Este Amor (03:27)

07   Outro Retrato (05:00)

Minha música vem da
Música da poesia de um poeta João que
Não gosta de música

Minha poesia vem
Da poesia da música de um João músico que
Não gosta de poesia

O dado de Cabral
A descoberta de Donato

O fato, o sinal
O sal, o ato, o salto:

Meu outro retrato

08   Etc. (02:06)

09   Meia Lua Inteira (03:45)

10   Genipapo Absoluto (03:23)

Loading comments  slowly